CADA QUEDA É UMA FLECHA QUEBRADA QUE VIRA RAÍZ
- Nosso Clã
- 28 de ago.
- 3 min de leitura
A queda tem má fama. É tratada como derrota, como prova de fraqueza, como sinal de que alguém não estava pronto. Mas há um erro profundo nessa visão. A queda não é fim. É transição. É rito de passagem.
Porque cada vez que uma flecha se parte contra o chão, nasce a chance de algo maior: a flecha quebrada pode virar raiz.
E raiz não atravessa o ar, ela finca no profundo, sustenta, alimenta e gera vida.
1. O sentido oculto da queda
Na jornada de quem cria, lidera ou empreende, cair é inevitável. Pode ser um projeto que não deu certo, um contrato perdido, um time desfeito, um sonho que não encontrou solo.
Essas quedas, à primeira vista, parecem fim.Mas, na verdade, são ajustes da vida. São chamadas duras para abandonar o ilusório e voltar ao essencial. A queda mostra o limite. Mas também mostra onde é possível recomeçar.
2. A flecha e seu destino
A flecha nasce para atravessar distâncias. É movimento, velocidade, foco. Ela corta o vento, mira o alvo, desafia o tempo. Mas nenhuma flecha é eterna no voo. Mais cedo ou mais tarde, ela encontra o chão. E quando se quebra, a pergunta é: acabou?
Não. A flecha quebrada ainda guarda valor. Ela pode ser raiz — se houver coragem de transformá-la. A madeira que não serve mais para voar pode se tornar sustentação. O que parecia fracasso, na verdade, é metamorfose.
3. A raiz como metáfora da reconstrução
Enquanto a flecha simboliza conquista, a raiz simboliza permanência. A flecha vai. A raiz fica. Toda queda, portanto, é convite para deixar de ser apenas movimento e se tornar estrutura. É trocar velocidade por profundidade. É aprender a suportar o peso da própria história e, a partir disso, crescer.
Cada fracasso vivido se transforma em raiz:
A dor guardada vira consciência.
A perda atravessada vira resiliência.
O erro assumido vira aprendizado.
Quem cai e levanta já não é o mesmo. É alguém mais enraizado.
4. O paradoxo do recomeço
A queda tem um paradoxo: ela parece o fim, mas é solo fértil. É a despedida de um caminho e, ao mesmo tempo, o nascimento de outro. Quantas vezes grandes negócios surgiram depois de falências? Quantas vezes projetos transformadores nasceram do erro de tentativas anteriores? Quantas vezes uma dor pessoal abriu espaço para uma nova vocação?
A flecha quebrada, no chão, carrega essa ambivalência: perda e semente ao mesmo tempo.
5. A queda como cura do ego
Existe ainda uma dimensão espiritual na queda. Ela destrói a ilusão da invencibilidade. Ela nos coloca frente a frente com a nossa vulnerabilidade.
E é nesse chão duro que o ego se dissolve, abrindo espaço para a humildade e para a verdade. Quem nunca caiu vive na arrogância. Quem já caiu sabe que cada passo é provisório, e por isso caminha com mais presença.
De Flecha Quebrada a Raiz Profunda
Cada queda é flecha quebrada. Mas nenhuma flecha quebrada é inútil.
Se você só enxerga a perda, verá apenas pedaços. Se olhar com coragem, verá raízes.
Porque cair não é desistir. Cair é aprender a permanecer. E as maiores árvores, aquelas que resistem ao vento, às tempestades, ao tempo, só existem porque um dia foram sementes que caíram no chão.
A queda não é fracasso. É fundação. Não é fim. É raiz.
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