IA DE HOJE, POEIRA AMANHÃ. O QUE FICA É A PRESENÇA
- Nosso Clã
- 20 de set.
- 3 min de leitura

A inteligência artificial é a palavra mais repetida do nosso tempo.Cada conferência, cada manchete, cada pitch de startup carrega o mesmo refrão: “o futuro é a IA”.
Mas o futuro não é hype. O futuro não é ruído.O futuro é aquilo que resiste ao tempo — e o que resiste não é algoritmo, é presença.
A tecnologia é vento. O que nos ancora é a forma como estamos, criamos e escolhemos nesse vendaval.
1. O Brasil ainda está no início da curva
Apesar da avalanche de notícias, a realidade é que a maior parte dos brasileiros ainda não usa IA generativa.
Uma pesquisa Datafolha mostrou:
93% já tiveram algum contato indireto com IA (em apps, compras, recomendações).
Mas 57% nunca usaram ChatGPT ou similares para texto.
E 69% nunca criaram imagens com IA.
Isso mostra uma fissura entre a narrativa e a prática. O discurso é de revolução, mas a adoção real ainda é tímida. A maioria está na borda do mar, não dentro da onda.
2. Presença é infraestrutura, não espetáculo
Enquanto parte do público ainda olha com desconfiança, alguns lugares já plantam estruturas para o futuro.
Um exemplo é Goiás: o estado lançou a primeira Lei de Inteligência Artificial no Brasil, criando governança, sandbox regulatório, estímulo a startups e programas de capacitação nas escolas.
É presença política. É presença econômica. É presença educativa. Quem investe em raiz agora, colhe solidez quando a poeira baixar.
3. A sombra da bolha, quando barulho é demais
Sam Altman, CEO da OpenAI, fez um alerta que ecoou como flecha: há uma bolha se formando na IA.
Startups com 3 pessoas sendo avaliadas em bilhões. Capital especulativo inflando promessas que não têm base real. Ele comparou a situação com a bolha das pontocom.
Outros analistas reforçam: os investimentos em IA já movimentam trilhões, mas parte desse capital é espuma, capital que não gera presença, só ruído.
Isso nos lembra: quem constrói apenas sobre hype, implode. Quem constrói sobre fundamentos, sustenta.
4. Entre o medo e a euforia: o humano no meio do vendaval
O discurso do medo já circula: “quem não usar IA vai ficar para trás”. Diretores de gigantes como a AWS repetem isso quase como ameaça.
De outro lado, há a euforia: “a IA vai resolver tudo, basta delegar”.
Ambos são extremos frágeis. O medo paralisa. A euforia aliena. O que precisamos não é submissão cega nem entusiasmo raso. É presença lúcida: olhar para a tecnologia como ferramenta, não como fetiche.
5. O que fica quando a poeira baixar
O SAS, referência global em analytics, já deixou claro: a IA é poderosa porque analisa volumes imensos de dados e automatiza padrões.Mas ela não tem intenção, nem propósito.
Quem dá direção é a presença humana.Quem sustenta impacto é a comunidade que constrói significado.
A cada ciclo tecnológico a história se repete:
Na Revolução Industrial, máquinas prometeram fim do trabalho humano.
Na era digital, computadores prometeram uniformizar conhecimento.
Hoje, a IA promete substituir a criatividade.
Mas sempre sobra o mesmo traço: a presença de quem sabe usar a ferramenta como extensão, não como substituto.
6. Presença como resistência
Presença é mais do que estar online.É estar com clareza, consistência e intenção.
É a empresa que não corre atrás de cada hype, mas fortalece sua identidade.
É o criador que não delega a alma do seu conteúdo para um robô.
É a comunidade que não se deixa enganar pela espuma do novo.
Presença é o que separa quem atravessa gerações de quem desaparece no primeiro vento forte.
IA hoje é manchete. Amanhã, é poeira. Mas a presença de quem planta raiz, sustenta narrativa e constrói impacto, essa não desaparece.
Não é a ferramenta que garante futuro. É a forma como você se posiciona diante dela.
A IA de hoje pode sumir na poeira do tempo. Mas sua presença, essa, se construída com verdade, ecoa para sempre.
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